O primeiro "momento"
romântico, que se desenvolve mais ou menos entre 1825 a 1838. O Romantismo foi
introduzido em Portugal por Almeida Garret, com a publicação, em 1825, do poema
Camões, obra que, apesar de não representar fielmente os ideais românticos,
traz consigo algumas características deste movimento literário.
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ALMEIDA GARRETT |
GARRETT
O Romantismo, em Portugal, teve
como marco a publicação do poema “Camões”, de Almeida Garrett, em 1825, a partir
do exílio, na Inglaterra e posteriormente na França. Garrett, através destas
circunstâncias, parece ter compreendido a necessidade de existir um novo gênero
de relações entre o escritor romântico e o novo público, isto é, os
espectadores do escritor passam a ser o povo e burguesia, e a sua obra a
maneira de chegar até este. Segundo Garrett, o novo público desejava assuntos sentimentais
e focados na recuperação do nacionalismo posto de lado pela cultura clássica. O
seu principal modelo literário é Filinto Elísio. Em Camões, poema narrativo em
torno de um herói byroniano, Garret canta as amarguras e a saudade da pátria.
As descrições remetem ao cenário romântico, os versos brancos (não rimados). Já
no prefácio, o autor afirma o seu nacionalismo e declara não ser clássico, nem
romântico, repudiando, tanto as regras de Aristóteles e Horácio, como a imitação
de Byron, anunciado seguir apenas "o coração e os sentimentos da
natureza". Em “D. Branca”, obra contemporânea de “Camões”, reconta a
história em verso de uma infanta portuguesa raptada pelo último rei mouro,
introduzindo ingredientes exóticos, folclóricos e mágicos, orientais e medievais.
A obra Viagens na minha terra, em seu conjunto, narram um passeio pelas
paisagens portuguesas. Obra híbrida em que impressões de viagem, de arte,
paisagens e costumes se entrelaçam com uma novela romântica sobre fatos
contemporâneos do autor e ocorridos na proximidade dos lugares descritos. A
naturalidade da narrativa disfarça a complexidade da estrutura desta obra, em
que alternam e se entrecruzam situações discursivas, estilos, narradores e
temas muito diversos, em especial críticas sociais e políticas. Garrett inovou
também na poesia. Em Flores sem fruto e Folhas caídas, introduz a espontaneidade
e a simplicidade como em "Pescador da barca bela", pela proximidade
com a poesia popular ou das cantigas medievais. A liberdade métrica, o
vocabulário corrente, o ritmo e a pontuação são marcas de sua obra. Garrett
empenhou-se intensamente na renovação do teatro em Portugal, objetivando uma
produção de qualidade que elevasse o gosto e a cultura do povo. Sua vocação
pela dramaturgia está representada pelas obras: Um Auto de Gil Vicente, O Alfageme
de Santarém, Frei Luís de Sousa, D. Filipa de Vilhena, além das comédias, Falar
verdade a mentir, Profecias do Bandarra, Um Noivado no Dafundo, entre outras.
Frei Luís de Sousa é indubitavelmente o que melhor realiza o seu ideal de
sobriedade artística, combinando o fato da tragédia clássica e a atualidade do
drama familiar, permanece ainda hoje um texto modelar da literatura dramática nacional.
É, segundo Saraiva, “um dos pontos mais altos atingidos pela Literatura
Portuguesa”.
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ALEXANDRE
HERCULANO |
ALEXANDRE
HERCULANO
Alexandre Herculano nasceu em
Lisboa, em 1810. De família modesta, não pode fazer curso universitário,
entretanto, fez vários cursos entre os quais o curso de Diplomática na Torre do
Tombo, onde conhece a Marquesa de Alorna. Herculano exilou-se na Inglaterra e
na França, criando polêmica com o clero, por participar da lutas liberais.
Em 1836, inicia sua carreira de
prestígio intelectual com a publicação d’ A Voz do Profeta. Nos anos seguintes,
inicia a publicação de suas obras de ficção: as Lendas e Narrativas, O Bobo, o
Monge de Cister. É a fase mais intensa de sua atividade literária, e política, na defesa das idéias
liberais. Interpretando com desassombro e espírito crítico alguns fatos da
história de Portugal, como a batalha de Ourique, cujo aspecto lendário destrói
com sólida argumentação, acaba provocando enérgica reação do clero. Junto com
Garrett, foi um intelectual que atuou bastante nos programas de reformas da
vida portuguesa. Herculano é o verdadeiro teorizador do Romantismo em Portugal.
Pensava que uma revolução política e social se devia refletir na literatura.
Assim, na ficção de Herculano, prevalece o caráter histórico dos enredos
voltados para a Idade Média, enfocando as origens de Portugal como nação, temas
de caráter religioso e na sua obra não-ficcional, renovou a historiografia,
introduzindo o conflito de classes sociais para explicar a dinâmica da
história. Segundo Moisés, “Alexandre Herculano é diametralmente oposto a
Garrett em todos os aspectos: personificação da sobriedade, do equilíbrio, do
rigor crítico; espírito germânico, dir-se-ia, enquanto o outro é latino, sobretudo
francês. A obra de Herculano reflete-lhe o temperamento e o caráter: manteve-se
imperturbável na posição de homem que apenas se julga convicto das idéias que
defende depois de longa e cuidadosa meditação. Daí sua intransigência e sua
indignação diante da pouca receptividade de suas idéias”.
Suas principais obras são: poesia
(A Vox do Profeta, mais adiante incluído na Harpa do Crente), romances (O Bobo,
O Monge de Cister, Eurico, o Presbítero), contos (Lendas e Narrativas),
historiografia (História de Portugal, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em
Portugal, Portugaliae Monumenta Historica).
Impõe-se observar que o forte de
Herculano era a historiografia, por se identificar com o mais íntimo de seu
temperamento e formação, e a tal ponto que tudo quanto escreveu reflete essa
afinidade e predisposição. Para Massaud Moisés, “embora romântica pelos temas, a poesia de Herculano
caracteriza-se por uma contensão que jamais cede a qualquer impulso para o
derramado. Antes, solene, hierática, teatral, majestosa, é mais poesia pensada
que sentida, denotadora duma inautêntica inclinação para o gênero:
tendo-a cultivado apenas nos anos
juvenis (...). De sua poesia merece algum
destaque o poema "A Cruz Mutilada", onde
perpassa, apesar de tudo, muito pensamento sem
emoção, além de subsistir a tendência para o declamatório
altissonante”. Em sua essência, Herculano era
demasiado historiador para se entregar a uma visão
poética do mundo e dos homens: faltava-lhe a
necessária imaginação transfiguradora da realidade
sensível, e sobejava-lhe o espírito crítico e a
erudição.
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ANTONIO
FELICIANO DE CASTILHO |
ANTONIO
FELICIANO DE CASTILHO
Castilho nasceu em Lisboa, em
1800 e aos seis anos, acometido de sarampo, fica
praticamente cego para o resto da vida. Com a
ajuda de seu irmão Augusto Frederico de Castilho,
faz o curso secundário e ingressa na
Faculdade de Cânones de Coimbra. Publica as Cartas de Eco e
Narciso e A Primavera e se torna figura central da
Sociedade dos Amigos da Primavera, organizada em sua
homenagem.
Em 1865, provoca a Questão
Coimbrã com sua carta-posfácio ao Poema da
Mocidade, de Pinheiro Chagas. Cercado de glória e do
carinho de seguidores fiéis, falece em 1875, em Lisboa.
A carreira poética de Castilho
inicia-se sob a égide do Arcadismo, especialmente
de Bocage, quando escreve Cartas de Eco e
Narciso, A Primavera e Amor e Melancolia. Em 1836,
publica suas obras sob a influência romântica:
A Noite do Castelo e Os Ciúmes do Bardo, seguidos
mais adiante de Escavações Poéticas.