domingo, 31 de março de 2013

O Terceiro Momento Do Romantismo


 Miguel Ângelo Lupi


Esse período é marcado pela presença de autores como os poetas João de Deus, Tomás Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de Novais e Pinheiro Chagas, e do romancista Júlio Dinis.
João de Deus foi um lírico de vibração interior ficando à margem das marcas do tempo e do meio. Mantendo-se fiel até o fim a um desígnio estético e humano que lhe transcendia a vontade e a vaidade.
Contemplativo por excelência, sua poesia é a dum "exilado" na terra a mirar coisas vagas e por vezes a
se deixar estimular concretamente. Cultiva os mestres Tomás Antonio Gonzaga, Camões, Dante, Petrarca
e a Bíblia. Entre suas obras, destacam-se Campos de Flores. 
Manuel Pinheiro Chagas teve em Castilho seu grande mestre. Seu Poema da Mocidade motivou a Questão Coimbrã, começo da batalha entre românticos e realistas, em virtude da apresentação escrita por Castilho, onde tece elogios aos ultra-românticos e critica os jovens que começam a fazer a literatura realista.
Os seus enredos ambientam-se entre o meio mercantil do Porto ou a vida doméstica no campo em casa de proprietários-lavradores. Nos romances ambientados no Porto como “Uma Família Inglesa”, a ação gira em torno da praça, onde pululam o grande e o pequeno comerciante, o guarda-livros, o rapaz dos recados, o caixeiro, o capitalista reformado, o rico filho-família herdeiro de uma grande firma.
Quando nos transporta para a aldeia como em “As Pupilas do Senhor Reitor”, “A Morgadinha dos Canaviais”, “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, o ambiente é mais convencional: a casa do lavrador abastado,
pintada de maneira muito vaga, com cores frescas, novas, e principalmente o coração dos mexericos da terra: a venda, onde se reúnem os lavradores, o brasileiro, o morgado decadente, o candidato a deputado e, de passagem, a beata da aldeia ou a criada do Senhor Abade, o ambiente burguês do proprietário ou ao solar do velho fidalgo.
Seus tipos são magistralmente caracterizados com uma leve formação caricatural e humorística, o que não exclui a ternura. Júlio Dinis deu um passo decisivo na nossa prosa de ficção ao criar em Portugal o gênero burguês e moderno por excelência, o romance “contemporâneo”, amparado certamente por um público que
tivera tempo de amadurecer desde os primeiros ensaios do romance histórico.

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